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Rastreamento eficaz do câncer de pulmão

Postado em: 02/10/2023

O Câncer de Pulmão, segundo as estimativas de 2023, é a terceira neoplasia mais comum em homens e a quarta em mulheres, registrando anualmente cerca de 14.540 novos casos no Brasil, de acordo com dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca). Notavelmente, sua incidência cresce consideravelmente após os 70 anos de idade. No entanto, a taxa de sobrevida em cinco anos é de apenas 18%, um indicador que poderia ser substancialmente melhorado por meio de diagnósticos precoces. Atualmente, apenas 16% dos casos de câncer de pulmão são identificados em estágios iniciais no país (câncer localizado), ressaltando a importância crucial do rastreamento regular, sobretudo em pacientes considerados de alto risco, como os tabagistas.

câncer de pulmão

O tabagismo é o principal fator de risco associado ao desenvolvimento do câncer de pulmão, e abrange o consumo de cigarros, charutos, cachimbos e até mesmo a exposição ao fumo passivo. É importante destacar que a cessação do tabagismo reduz substancialmente o risco, com uma diminuição de 80% a 90% após 15 anos sem fumar. Além disso, embora ainda careçam de estimativas científicas precisas, o uso de cigarros eletrônicos, maconha e o consumo de cocaína também parecem estar relacionados ao aumento do risco dessa doença.

Surpreendentemente, aproximadamente 20% dos pacientes diagnosticados com câncer de pulmão nunca foram fumantes, o que sugere que outros fatores de risco desempenham um papel significativo. Entre esses fatores, incluem-se  o tabagismo passivo, exposição à poluição ambiental, à fumaça de fornos a lenha, ao gás radônio. Ter recebido radioterapia na região torácica anteriormente também é uma condição que aumenta a predisposição para o desenvolvimento dessa forma de câncer.

Diversos fatores aumentam o risco de câncer de pulmão:

Tabagismo: principal fator de risco, incluindo o fumo passivo.

Exposição ambiental: agentes como gás radônio, poluição do ar, fumaça de madeira, carvão e amianto.

Herança genética: história familiar de câncer de pulmão, especialmente em não fumantes.

Mutação TP53: associada ao câncer precoce em pacientes com menos de 40 anos.

Rastreamento com tomografia computadorizada de baixa dose

O risco de câncer pulmonar está fortemente ligado ao tabagismo, considerando idade, quantidade de cigarros e duração do hábito. A definição da população para rastreamento com tomografias de baixa dose ainda é tema de pesquisa médica.

Atualmente, o rastreamento é recomendado para pessoas com idade entre 50 e 80 anos que tenham fumado pelo menos um maço de cigarros por dia durante 20 anos ou dois maços por dia durante 10 anos. Ex-fumantes que pararam há no máximo 15 anos também são elegíveis. Essa abordagem visa detectar precocemente o câncer de pulmão, aumentando as chances de tratamento bem-sucedido.

Em 2011, o estudo National Lung Cancer Trial (NLST) nos Estados Unidos trouxe um avanço significativo. Ele mostrou que a tomografia computadorizada de tórax de baixa dose (TCBD) reduz a mortalidade por câncer de pulmão em 20% quando realizada anualmente. Essa técnica é capaz de identificar tumores em estágios iniciais, ampliando as opções de tratamento e melhorando as perspectivas de cura, mesmo em casos mais agressivos. Em contraste, o exame de raios-X anteriormente usado para rastreamento frequentemente só detectava tumores em estágios avançados.

Outro estudo sobre o rastreamento de câncer de pulmão, denominado Nelson Trial, confirmou a redução da mortalidade por meio do rastreamento com TCBD em uma análise de longo prazo.

A evidência científica levou à recomendação de realizar anualmente a tomografia de baixa dose em pacientes do grupo considerado de alto risco. Esse acompanhamento periódico permite perceber o surgimento ou o crescimento de um nódulo e, em seguida, aprofundar a investigação.

Um achado positivo na TCBD não implica a presença de câncer. Para confirmar o diagnóstico, podem ser necessários outros exames, como tomografia computadorizada com contraste, ressonância magnética ou PET-CT, seguidos por biópsia para análise laboratorial e identificação de células cancerígenas em lesões suspeitas. Esses exames e a biópsia fornecem dados para orientar o tratamento.

A prevenção primordial do câncer de pulmão é evitar os fatores de risco, especialmente o tabagismo. No entanto, para aqueles que já estiveram expostos ou continuam a sê-lo, a conscientização sobre a importância de parar de fumar e do rastreamento é crucial. Hoje, a medicina dispõe de ferramentas eficazes para detectar tumores em estágios iniciais, elemento fundamental para o sucesso do tratamento. Diagnósticos e tratamentos precoces são a chave para salvar vidas.

Dr. Marcelo Cruz é médico pela UNICAMP, oncologista clínico dos Oncologistas Associados, Fellow do Programa de Desenvolvimento de Novas Terapias (Developmental Therapeutics Program), Mestre em Pesquisa Clínica pela Feinberg School of Medicine Northwestern University, Chicago – EUA.

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