Benefícios e desafios da atividade física para pacientes com câncer
Postado em: 28/10/2024
A atividade física é cada vez mais reconhecida como um elemento fundamental no cuidado com pacientes com Câncer.
Recomendada por profissionais de saúde para prevenir e gerenciar doenças crônicas, a atividade física tem um papel significativo na qualidade de vida daqueles que já receberam um diagnóstico de câncer.
Estudos indicam que ela pode melhorar o prognóstico, além de atuar como um suporte essencial durante o tratamento.
Vou apresentar mais detalhes sobre o assunto no conteúdo a seguir, trazendo informações de um artigo apresentado na ESMO, em Setembro de 2024, por Gabriella Pravettoni.
Continue a leitura para conferir!
Benefícios da atividade física para pacientes com câncer
A prática regular de exercícios físicos é associada a uma série de benefícios para pacientes com câncer.
Estudos observacionais apontam que a atividade física pode estar relacionada a melhores desfechos clínicos e aumento da sobrevida geral.
Em um ensaio clínico sobre o câncer de mama, por exemplo, a combinação de treino intervalado de alta intensidade com exercícios de resistência ou aeróbicos resultou em efeitos benéficos significativos na sobrevida e na redução de recorrência da doença.
Os benefícios da atividade física para pacientes oncológicos incluem:
- Melhora da capacidade cardiovascular e respiratória;
- Aumento da força muscular e da mobilidade;
- Redução da fadiga, um dos sintomas mais comuns em pacientes com câncer;
- Redução do risco de recaída da doença;
- Melhora na saúde mental, aliviando sintomas de ansiedade e depressão.
Para pacientes com câncer, especialmente aqueles que enfrentam efeitos colaterais do tratamento, a atividade física pode ser uma ferramenta de alívio e recuperação.
Ela também pode facilitar o gerenciamento de sintomas relacionados ao tratamento, como dores, náuseas e distúrbios do sono.
Desafios na implementação da atividade física para pacientes com câncer
Apesar dos evidentes benefícios, integrar a atividade física na rotina de pacientes com câncer pode ser desafiador.
Muitos pacientes apresentam dificuldades para manter a prática de exercícios, especialmente em fases avançadas da doença ou quando enfrentam sintomas intensos.
Estudos apontam que a adesão a programas de exercício pode ser particularmente difícil para pacientes com prognóstico reservado ou com doenças altamente sintomáticas.
Entre os principais desafios estão:
- Fadiga que pode ser causada pelo tratamento, que desestimula a prática de exercícios;
- Dores crônicas e desconfortos que limitam a capacidade de mobilidade;
- Efeitos psicológicos, como ansiedade e depressão, que afetam a motivação para iniciar ou manter uma rotina ativa;
- Falta de conhecimento ou de recursos para adaptar exercícios às necessidades específicas de cada paciente.
É importante um programa personalizado e adaptado às necessidades e limitações de cada paciente, considerando seus valores, crenças e capacidades físicas.
Para apoiar uma adesão mais efetiva, profissionais de saúde devem trabalhar de maneira integrada com os pacientes, desenvolvendo um plano de exercícios que seja realista e sustentável.
Tecnologias como aliadas na promoção da atividade física
O uso de tecnologias, como videochamadas, aplicativos de celular e plataformas de acompanhamento remoto, tem se mostrado uma estratégia eficaz para promover a atividade física entre pacientes com câncer, especialmente aqueles que residem longe de centros de tratamento.
O uso dessas ferramentas permite um contato mais frequente com profissionais de saúde e facilita o monitoramento das atividades físicas, ajudando a aumentar a adesão e a motivação dos pacientes.
Em um estudo recente com sobreviventes de câncer de mama, a aplicação de um programa de atividade física personalizado com acompanhamento remoto mostrou melhora significativa na qualidade de vida.
Essa abordagem demonstrou efeitos positivos tanto na saúde física quanto mental dos pacientes, ressaltando o papel das tecnologias na manutenção de uma rotina ativa, mesmo em meio a dificuldades.
Conclusão
A adoção de um estilo de vida ativo requer mais do que recomendações simples; é preciso uma abordagem mais estruturada e personalizada, que leve em consideração as necessidades, recursos e objetivos individuais de cada paciente.
Programas de exercício devem ser adaptados às capacidades físicas, recursos pessoais e sociais dos pacientes, promovendo uma mudança comportamental duradoura.
Essa abordagem é importante para garantir que as pessoas com câncer não apenas iniciem, mas mantenham uma rotina de exercícios ao longo do tempo, contribuindo para a prevenção de recaídas e o gerenciamento de sintomas.
A atividade física, quando integrada de forma eficaz e personalizada ao tratamento oncológico, pode ser uma ferramenta poderosa não apenas para a recuperação, mas também para a qualidade de vida.
Convido você a continuar acompanhando meu site e blog para conferir mais conteúdos!
Dr. Marcelo Cruz é médico pela UNICAMP, oncologista clínico do Oncologistas Associados e Grupo Orizonti, Fellow do Programa de Desenvolvimento de Novas Terapias (Developmental Therapeutics Program), Mestre em Pesquisa Clínica pela Feinberg School of Medicine Northwestern University, Chicago – EUA.
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