Câncer no pâncreas: Sintomas, tratamento e possibilidade de cura
Postado em: 25/03/2024
Pacientes com câncer no pâncreas costumam enfrentar uma corrida contra o tempo para receber o melhor tratamento e interromper a progressão da doença. Silencioso e de natureza agressiva, muitas vezes o diagnóstico ocorre em estágios avançados, o que leva à alta mortalidade. Enquanto, no Brasil, este tipo de câncer representa 2% do total de casos, em relação aos óbitos ocupa 4% de todos os registros.
Segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), com base em 2023, são estimados 10.980 novos casos da doença por ano no país. Fatores como obesidade, sedentarismo e tabagismo estão relacionados ao seu desenvolvimento. Os principais sintomas são perda de peso, fraqueza, dores abdominais, urina com coloração escura e pele e olhos com cor amarelada.
O pâncreas é uma glândula localizada atrás do estômago e libera hormônios, como insulina, para processar o açúcar dos alimentos. Além disso, produz sucos digestivos que auxiliam na digestão. Neste texto, vamos abordar sintomas, tratamentos e maneiras de aumentar as chances de cura do câncer de pâncreas.
Quais são os sintomas do câncer de pâncreas?
O câncer de pâncreas raramente apresenta sinais iniciais. Os indícios costumam aparecer quando o tumor afeta outros órgãos do sistema digestivo.
Os sintomas do câncer de pâncreas podem incluir:
- Icterícia (pele e mucosas amareladas).
- Urina escura e fezes claras.
- Dor abdominal ou dor nas costas.
- Perda de peso inexplicável.
- Falta de apetite.
- Coceira na pele.
- Sensação de estômago cheio.
- Náusea, vômito ou indigestão.
- Diabetes de início.
- Cansaço ou fraqueza.
Diagnóstico do câncer de pâncreas
Exames de sangue podem detectar o aumento de um marcador tumoral chamado CA 19.9, presente em 80% dos casos. Esse marcador, no entanto, não é específico de câncer de pâncreas e pode indicar a presença de doenças benignas ou de tumores de outros órgãos. Em caso de suspeita de câncer de pâncreas, o oncologista pode solicitar uma série de exames por imagem, como tomografia e ressonância magnética.
A ultrassonografia endoscópica, que é o ultrassom realizado com aparelho de endoscopia, pode avaliar se o câncer invadiu vasos sanguíneos importantes ou coletar amostra de tecido para biópsia.
A colangiopancreatografia endoscópica retrógrada é uma técnica invasiva, que consiste na injeção de contraste na via biliar e no pâncreas para tratar infecção que alguns pacientes podem desenvolver (colangite). A biópsia não apenas confirma ou descarta o diagnóstico de câncer, mas também determina o tipo específico de câncer.
Tratamento
As chances de cura do câncer de pâncreas estão diretamente associadas ao diagnóstico precoce e ao tratamento com cirurgia, quimioterapia e radioterapia. O procedimento cirúrgico pode ser usado para tratar o câncer que não se espalhou para outros órgãos.
Dependendo da localização do tumor, duas cirurgias principais podem ser realizadas: a duodenopancreatectomia, que é a retirada do duodeno, cabeça do pâncreas, vesícula biliar, ou a pancreatectomia corpo caudal, que é a retirada do corpo e da cauda do pâncreas e do baço. Hoje é possível realizar a cirurgia do pâncreas por videolaparoscopia em alguns casos.
Em geral, os pacientes recebem quimioterapia no pós-operatório para destruir as células tumorais que ainda estiverem vivas. Em pessoas com tumores avançados, é utilizada também a terapia neoadjuvante antes da cirurgia, ou seja, quimioterapia para reduzir o tumor e facilitar o procedimento cirúrgico. Em muitas situações, deve ser realizada ainda a radioterapia como reforço ao tratamento.
Em indivíduos em que a retirada do tumor não pode ser realizada por algum motivo, a cirurgia paliativa oferece qualidade de vida, permitindo que o paciente possa se alimentar normalmente, reduzindo as dores nas costas e pondo fim à icterícia.
A imunoterapia ajuda as células do sistema imunológico a encontrar e matar as células cancerígenas. Essa terapia pode ser uma opção se o seu câncer de pâncreas apresentar alterações específicas no DNA que tornariam o tumor propenso a responder a esses tratamentos.
Dr. Marcelo Cruz é médico pela UNICAMP, oncologista clínico dos Oncologistas Associados e Grupo Orizonti, Fellow do Programa de Desenvolvimento de Novas Terapias (Developmental Therapeutics Program), Mestre em Pesquisa Clínica pela Feinberg School of Medicine Northwestern University, Chicago – EUA.
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