A evolução do tratamento do câncer: o papel da Genômica
Postado em: 25/02/2025
O tratamento do câncer tem passado por uma transformação significativa nos últimos anos, impulsionado por avanços na Genômica.
Essa área da ciência estuda os genes e suas funções, permitindo entender como mutações específicas contribuem para o desenvolvimento do câncer.
Com essas informações, tornou-se possível criar terapias direcionadas, que oferecem maior assertividade e menos efeitos colaterais.
A genômica no tratamento oncológico é focada na individualização da terapia. Essa abordagem vai além de tratar a doença com base no tipo e estágio do tumor, considerando as alterações genéticas específicas que o impulsionam.
A seguir, entenda como a genômica tem moldado o futuro da oncologia e os benefícios que traz para médicos e pacientes!
O impacto da genômica no diagnóstico do câncer
A integração da “Genômica“ ao diagnóstico oncológico tem revolucionado a maneira como os tumores são avaliados.
Antes, o diagnóstico baseava-se principalmente em exames histológicos e de imagem. Hoje, testes genômicos avançados podem identificar mutações e alterações moleculares em diferentes casos, que ajudam a caracterizar melhor o câncer.
Essa precisão diagnóstica traz benefícios como:
- Identificação de biomarcadores, se houverem: Substâncias ou alterações genéticas que indicam a presença de câncer ou ajudam a prever a resposta a determinados tratamentos.
- Classificação detalhada do tumor: O câncer é categorizado não apenas pelo local de origem, mas também pelo perfil genético, o que influencia a escolha do tratamento.
- Diagnósticos mais rápidos e assertivos: Com testes genômicos, é possível identificar mutações específicas que orientam o plano terapêutico desde o início.
Por exemplo, a identificação de mutações nos genes BRCA1 e BRCA2, associadas ao câncer de mama e ovário, permite tratamentos mais direcionados e medidas preventivas em pacientes de alto risco.
O papel da genômica no desenvolvimento de terapias-alvo
A genômica não apenas aprimora o diagnóstico, mas também orienta o desenvolvimento de terapias-alvo.
Essas terapias atacam diretamente mutações genéticas específicas ou processos moleculares responsáveis pelo crescimento do tumor.
As terapias-alvo
podem oferecer benefícios como:
- Eficácia aprimorada: Elas agem de forma precisa, atacando apenas as células cancerígenas e preservando as saudáveis.
- Menos efeitos colaterais: Como são direcionadas, causam menos danos ao organismo do paciente.
- Personalização do tratamento: Cada paciente recebe uma abordagem terapêutica baseada nas características únicas de seu tumor.
Medicamentos como inibidores de tirosina quinase (TKIs) são exemplos de terapias-alvo que têm transformado o tratamento de cânceres como o de pulmão, nos casos em que mutações no gene EGFR estão presentes.
Genômica e medicina de precisão: uma parceria essencial
A medicina de precisão depende diretamente da genômica para personalizar os tratamentos.
Ao combinar informações genéticas com outros dados, como histórico clínico e estilo de vida, os médicos podem planejar abordagens terapêuticas mais direcionadas.
Além disso, a genômica também ajuda a prever a resistência a tratamentos, permitindo ajustes no plano terapêutico quando necessário.
A evolução contínua da genômica tem gerado novos medicamentos e abordagens inovadoras, incluindo terapias combinadas que integram imunoterapia e terapias-alvo.
Dr. Marcelo Cruz é médico pela UNICAMP, oncologista clínico dos Oncologistas Associados e Grupo Orizonti, Fellow do Programa de Desenvolvimento de Novas Terapias (Developmental Therapeutics Program), Mestre em Pesquisa Clínica pela Feinberg School of Medicine Northwestern University, Chicago – EUA.
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