O que é imunoterapia no tratamento do câncer?
Postado em: 07/08/2023
A Imunoterapia representa uma mudança de paradigma no tratamento do câncer! Até sua descoberta, todas as outras terapias tinham como alvo o próprio tumor.
Na imunoterapia, o alvo do tratamento é o sistema imunológico do paciente. A abordagem restaura e aprimora a capacidade de o sistema imune lidar com o agente agressor (células tumorais) e cria uma memória celular que permite que essa resposta continue mesmo depois que o paciente termine o tratamento.
Cada sessão de imunoterapia contém um ou mais medicamentos endovenosos (anticorpos monoclonais) que estimulam o próprio sistema de defesa do corpo a reconhecer e atacar as células do câncer, com objetivo de controlar a doença (seja eliminando ou reduzindo o tamanho do tumor).
Atualmente, os remédios imunoterápicos são considerados tratamento padrão para diversos tipos de câncer, como pulmão, colorretal, cabeça e pescoço, melanoma, bexiga e alguns subtipos de câncer de mama (em especial o triplo negativo).
Em pesquisas recentes, constatou-se que a combinação da imunoterapia com quimioterapia tradicional ou terapia-alvo pode potencializar sua eficácia, superando a imunoterapia isolada.
Neste texto, vamos apresentar um guia completo sobre imunoterapia, desde como funciona este tratamento até as dúvidas mais frequentes dos pacientes. Não deixe de conferir!
Como funciona a imunoterapia?
- Age no sistema imunológico de modo a preparar as células de defesa do organismo para atacar as células cancerosas.
- Os medicamentos são desenvolvidos para atuar em proteínas específicas.
- Mais precisos, os imunoterápicos são mais eficazes em comparação aos tratamentos convencionais.
- Os imunoterápicos criam “uma memória” nas células de defesa, o que permite que o sistema imunológico continue a combater o câncer, mesmo quando a terapia é suspensa.
Todos os tipos de câncer são tratados com a imunoterapia?
A imunoterapia não se aplica a todos os casos. A indicação tem relação com o tipo de tumor e a fase do tratamento em que o paciente se encontra. Atualmente, no Brasil, existem medicamentos imunoterápicos aprovados para os cânceres de pulmão, rim, bexiga, estômago, cabeça e pescoço, melanoma, tumores ginecológicos, e alguns subtipos de cânceres de mama e pele (carcinoma de células de Merkel e carcinoma escamoso de pele).
Quais as formas de administração dos imunoterápicos?
A forma de administração vai depender do tipo de imunoterapia. As maneiras mais comuns de ministrar os medicamentos são:
Intravenosa: administrado diretamente na veia.
Subcutânea: por injeção no tecido subcutâneo.
Quais são as orientações para o dia do tratamento?
- Não fique em jejum, coma algo leve antes de ir ao local receber a imunoterapia.
- Não agende outros compromissos no dia da sessão.
- Venha com um acompanhante maior de 18 anos. Caso não seja possível, combine com alguém para vir buscar você.
- Use roupas confortáveis e lembre-se de trazer uma blusa de frio. O ar-condicionado é regulado em uma temperatura amena.
- Durante o tempo de aplicação do medicamento, você pode fazer algo que goste, como ler um livro, usar celular ou tablet, assistir filmes ou ouvir músicas.
- Traga seus documentos pessoais, termo de consentimento da primeira aplicação, o protocolo de coleta do exame de sangue ou resultados impressos.
Quanto tempo dura cada sessão de imunoterapia?
Cada sessão leva, em média, uma hora e, dependendo do esquema terapêutico, as aplicações podem ser realizadas em intervalos de duas ou três semanas. A quantidade de sessões é definida pelo médico oncologista.
Quais são os efeitos colaterais?
Em geral, a imunoterapia costuma ser muito bem tolerada. É um tratamento com menor impacto na qualidade de vida do paciente, pois os efeitos colaterais costumam ser menores do que aqueles sentidos durante a quimioterapia convencional. Os mais frequentes são falta de disposição, coceira ou manchas na pele e diarreia. Não causa queda de cabelo. Efeitos colaterais graves podem acontecer, mas são raros, com incidência menor do que 5%. Importante conversar com seu médico sobre os eventos adversos mais comuns e os incomuns, e estar atento aos sinais e sintomas.
Outra vantagem da imunoterapia é não provocar efeitos na produção de glóbulos brancos. Consequentemente, os pacientes não apresentam queda dos níveis de leucócitos, que são as células responsáveis pela defesa contra bactérias, por exemplo. O risco de infecção e internação é consideravelmente menor.
Dr. Marcelo Cruz é médico pela UNICAMP, oncologista clínico do Hospital Sírio-Libanês São Paulo, Fellow do Programa de Desenvolvimento de Novas Terapias (Developmental Therapeutics Program), Mestre em Pesquisa Clínica pela Feinberg School of Medicine Northwestern University, Chicago – EUA.
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