Quimioterapia: quais são os efeitos colaterais mais comuns?
Postado em: 28/06/2023
A Quimioterapia é um tratamento que utiliza medicamentos, injetáveis ou por via oral, com o objetivo de destruir ou bloquear o crescimento das células cancerosas.
Como atuam em diversas etapas do metabolismo celular, essas medicações alcançam as células malignas em qualquer parte do organismo. A aplicação da quimioterapia é definida pelo médico oncologista e pode ser realizada durante a internação ou em ambulatório.
O tratamento quimioterápico pode contar com um único medicamento ou com a combinação de vários deles (mistura de drogas e doses), geralmente por via intravenosa (na veia ou por cateteres) ou via oral (comprimidos ou cápsulas).
Neste artigo, você vai tirar todas as suas dúvidas sobre as reações adversas da quimioterapia.
Quais são os possíveis efeitos colaterais da quimioterapia?
Febre, náusea, vômito e diarreia
A febre pode ocorrer durante o tratamento e requer uma investigação imediata, pois pode ser sinal de uma infecção, resultado da queda de resistência. Já náuseas, vômitos e diarreia podem ser controlados com medicamentos específicos, conforme orientação médica.
Infecção
A infecção é uma complicação do tratamento que pode ocorrer devido à redução das barreiras de proteção do corpo (integridade da pele e das mucosas) e dos glóbulos brancos.
Com menor número de leucócitos no sangue, o risco de invasão por agentes como vírus, bactérias, fungos e outros parasitas aumenta.
A prevenção é a chave para combater essa complicação: cuide da pele, das unhas e da saúde bucal, evite locais fechados e aglomerados, contato com animais e pessoas que estejam com doenças contagiosas. Prepare os alimentos de forma segura.
Queda de cabelo
A alopecia é característica de alguns medicamentos, que agem nas células que estão se multiplicando e crescendo. A célula do folículo piloso, que dá origem à estrutura do cabelo, quando sofre a ação da quimioterapia, se desprende e cai.
Isso ocorre geralmente cerca de duas a três semanas após o início da quimioterapia e é completamente reversível após o término do tratamento.
O uso da touca de resfriamento, quando aplicada logo antes do início da quimioterapia, pode prevenir a queda dos cabelos, mas não é garantido. O médico oncologista precisa estar de acordo, uma vez que, em alguns tumores, há contraindicação ao seu uso da touca de resfriamento, como nas leucemias, nos linfomas e em tumores que afetam o couro cabeludo.
Mucosite
As lesões na cavidade oral podem variar de uma leve vermelhidão até feridas graves. Um dos sintomas mais comuns é sentir a mucosa mais fina e sensível.
É importante manter uma higienização adequada, utilizando escova de dentes de cerdas macias, creme dental suave e enxaguante bucal sem álcool, para diminuir a proporção de agentes patogênicos como fungos, vírus e bactérias, além de proteger a mucosa.
Toxicidade do sangue
O sangue é composto pelos glóbulos brancos, glóbulos vermelhos e plaquetas. Quando o tratamento atinge essas células, a queda de glóbulos brancos, costuma baixar a resistência, aumentando o risco de infecções; a diminuição de glóbulos vermelhos leva à anemia e cansaço; já com a queda das plaquetas, o risco maior é de sangramento.
Infertilidade
A infertilidade não acomete todos os pacientes, pois depende muito da medicação e, na maioria das vezes, é reversível. Nos quadros em que o risco é maior, existe a possibilidade de preservação de espermatozoides e óvulos.
Esses procedimentos devem ser discutidos com o médico responsável, caso a caso, avaliando o tempo demandado para a coleta e preservação dos espermatozoides ou óvulos, bem como a possibilidade de uma fertilização posterior ao tratamento.
Inapetência
O tratamento pode induzir à falta de apetite e pode provocar perda de peso, consequência de uma nutrição inadequada. Ingerir líquidos vagarosamente e se alimentar várias vezes ao dia e em quantidades menores amenizam esse quadro.
A orientação nutricional deve ser específica para cada caso e supervisionada por um nutricionista especializado, pois alinhar as necessidades às preferências nutricionais do paciente é muito importante nesse contexto.
A melhor conduta no tratamento é determinada pelo oncologista, que leva em consideração fatores como idade, sexo, peso, condição de saúde e histórico clínico, além das características próprias do tumor.
Uma equipe multidisciplinar, composta por oncologista clínico, cirurgião oncológico, farmacêutico, nutricionista e enfermeiro, atua avaliando e acompanhando o paciente a fim de minimizar ao máximo o desconforto do tratamento.
Dr. Marcelo Cruz é médico pela UNICAMP, oncologista clínico do Hospital Sírio-Libanês São Paulo, Fellow do Programa de Desenvolvimento de Novas Terapias (Developmental Therapeutics Program), Mestre em Pesquisa Clínica pela Feinberg School of Medicine Northwestern University, Chicago – EUA.
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