Reconhecendo os sintomas do câncer no ovário
Postado em: 23/10/2023
Os ovários são dois órgãos que se ligam às trompas uterinas, um de cada lado. O câncer de ovário mais comum origina-se nas células epiteliais (90%), ou seja, nas células que revestem a parte externa dos ovários. Esse tipo de câncer se divide em seroso de alto grau (70%), endometrial (10%), de células claras, mucinoso e de baixo grau. Tumores no ovário são mais comuns em mulheres na menopausa e o uso de anticoncepcional diminui o risco do seu desenvolvimento.
O câncer de ovário é silencioso, demora a apresentar sintomas e pode crescer bastante antes de ser detectado. Por isso, cerca de 90% dos casos têm o diagnóstico quando a doença já está avançada. Cerca de 10% dos casos têm um componente genético e podem estar relacionados com a síndrome familial de mama e ovário.
Em 2022, estimativas do Instituto Nacional de Câncer (INCA) apontaram 7.310 novos casos de tumores ovarianos. Já a edição 2020 do Atlas de Mortalidade por Câncer, do Ministério da Saúde, indicou mais de 3.000 óbitos provocados pela doença.
Fatores de risco
Alguns fatores aumentam o risco de desenvolver câncer, mas é importante destacar que isso não quer dizer que você vai ter câncer de ovário.
Idade avançada: o risco de câncer de ovário aumenta com a idade e metade das pacientes tem mais de 60 anos.
Não ter filhos: quanto mais filhos você tem, menor o risco de ter esse câncer.
Histórico familiar: casos de câncer de ovário na família aumentam o risco de ter a doença.
Síndromes familiais de câncer: portadoras de síndrome familial de mama e ovário, de câncer colorretal hereditário não poliposo (HNPCC), também chamada de síndrome de Lynch, de mutações nos genes BRCA1 e BRCA2 e alterações nos genes BRIP1, RAP51C ou RAD51D têm alto risco de desenvolver câncer de ovário e precisam ser acompanhadas regularmente por serviço especializado em oncogenética.
Sintomas
Mulheres com câncer de ovário costumam apresentar sinais vagos e pouco específicos, que se confundem com desconfortos comuns, como indigestão, gases ou ganho de peso, que é uma ocorrência típica da menopausa. Os sintomas variam de mulher para mulher, mas podem incluir:
- Desconforto ou dor abdominal, como gases, indigestão, cólicas e inchaço;
- Sensação de empachamento mesmo depois de refeição leve;
- Náusea, diarreia, prisão de ventre ou necessidade frequente de urinar;
- Perda ou ganho de peso inexplicável;
- Perda de apetite;
- Sangramento vaginal anormal;
- Cansaço incomum;
- Dor nas costas;
- Dor durante a relação sexual;
- Alterações na menstruação.
Diagnóstico
Ainda não existe um método totalmente eficaz para o diagnóstico precoce do câncer de ovário. O diagnóstico se baseia na história do paciente, exame físico, ultrassom transvaginal e medição do marcador tumoral CA-125 no sangue.
Em casos suspeitos, exames adicionais podem ser solicitados pelo médico, incluindo tomografia computadorizada, colonoscopia, ressonância magnética e tomografia por emissão de pósitrons (PET-CT).
A confirmação do diagnóstico é feita por biópsia que, nesse caso, é a análise de tecido obtida por meio de cirurgia, videolaparoscopia ou ainda por biópsia por aspiração por agulha fina (BAAF). A escolha do método vai depender de cada caso.
Tratamento
Uma vez confirmado o diagnóstico, o tratamento dependerá do estadiamento da doença, isto é, do estágio em que ela se encontra. O procedimento básico de diagnóstico e tratamento é a cirurgia, mas sua extensão vai depender das dimensões do tumor e do comprometimento de outros órgãos. Ela pode se limitar à remoção dos ovários e trompas, útero, gânglios linfáticos, biópsias do peritônio, entre outros.
Nos casos mais avançados, pode ser necessária a retirada de outros órgãos, como segmentos do intestino, além de eventuais implantes. Esse procedimento é conhecido como citorredução, com o objetivo de eliminar o máximo da doença, buscando a ausência de lesões visíveis ao final da cirurgia.
Além da cirurgia, na maioria dos casos, a paciente passa por tratamento de quimioterapia, que envolve administração de diferentes drogas por via endovenosa.
Dr. Marcelo Cruz é médico pela UNICAMP, oncologista clínico dos Oncologistas Associados, Fellow do Programa de Desenvolvimento de Novas Terapias (Developmental Therapeutics Program), Mestre em Pesquisa Clínica pela Feinberg School of Medicine Northwestern University, Chicago – EUA.
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